segunda-feira, 23 de março de 2009

Esse post não é meu,mas vocês tinham que ver
xD

link original: http://www.fotocomedia.com/artigos/20090321224115672.html





"Porque o frango atrevessou a rua?
Teorias variadas:

PROFESSORA PRIMÁRIA: Porque queria chegar do outro lado da estrada.


CRIANÇA: Porque sim.


POLIANA: Porque estava feliz.


PLATÃO: Porque buscava alcançar o Bem.


ARISTÓTELES: É da natureza dos frangos cruzar a estrada.


NELSON RODRIGUES: Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado.


MARX: O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.


MOISÉS: Uma voz vinda do céu bradou ao frango: "Cruza a estrada!" E o frango cruzou a estrada e todos se regozijaram.


ALMIR KLINK: Para ir onde nenhum frango jamais esteve.


MARTIN LUTHER KING: Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos serão livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.


MAQUIAVEL: A quem importa o por quê? Estabelecido o fim de cruzar a estrada, é irrelevante discutir os meios que utilizou para isso.


FREUD: A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de sua insegurança sexual.


DARWIN: Ao longo de grandes períodos de tempo, os frangos têm sido selecionados naturalmente, de modo que, agora, têm uma predisposição genética a cruzar estradas.


EINSTEIN: Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo.


HEMINGWAY: "To die. Alone. In the rain."


FHC: Por que ele atravessou a estrada, não vem ao caso. O importante é que, com o Plano Real, o povo está comendo mais frango.


GEORGE ORWELL: Para fugir da ditadura dos porcos.


SARTRE: Trata-se de mera fatalidade. A existência do frango está em sua liberdade de cruzar a estrada


MACONHEIRO: Foi uma viagem...


PINOCHET: El se fué, pero tengo muchos penachos de el en mi mano!

SILVO SANTOS: Ma Oe! Porque ele queria ganhar uma casa no valor de 100 mil reais! Á Aae!"

quinta-feira, 19 de março de 2009

Arte

Ola ola

Hoje eu os convido a interpretar algumas estátuas......
Talvez queira dizer "não deixem que tubarões voadores invadam sua casa"??ou "cuidado com os tubarões marcianos??"
Essa aqui é fácil...."Julgando deus"

Espero interpretações nos comentários...=D

quarta-feira, 4 de março de 2009

O_O

"Denúncia

O advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife, Márcio Miranda, deve oferecer ao Ministério Público de Pernambuco, ainda nesta quarta-feira, denúncia contra a mãe da menina. A criança teria sido abusada por seu padrasto, que está preso.

Segundo o advogado, a mãe estava sendo orientada por entidades, para que o aborto fosse feito. “Essas organizações poderiam orientar e tentar ajudar a mãe o máximo possível para que a gravidez fosse levada adiante, até o momento de uma cesariana”, diz Miranda. “É a lei de Deus, ‘não matarás’. Consideramos que é um assassinato.”

Miranda defende ainda que o aborto causará grave impacto na vida da criança. "

fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1027257-5598,00-MEDICO+DIZ+QUE+GRAVIDEZ+DE+MENINA+DE+ANOS+FOI+INTERROMPIDA.html

bom cara,"grve impacto na vida da menina" já foi causado,agora uma menina de nove anos ter dois filhos(SIM DOIS) parecia ter menos impacto para esse advogado do que.....arg.Enfim,depois de saber disso tudo,uma amiga veio me dizer que todos os que participaram do aborto(medicos,enfermeiros,anestesistas.....)foram excomungados,enquanto que o padrasto estrupador continua sendo um bom cristão.Palmas pra que ainda acredita em uma instituição que prega esse tipo de coisa.

domingo, 1 de março de 2009

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"Prisioneiro do acaso

Luiz Manfredini


Na pista de cooper do Barigui, o sujeito cruzou comigo no exato momento em que eu erguia a mão para ajustar os óculos. Decerto imaginou que estivesse a cumprimentá-lo e, cortês, retribuiu. Respondi. Na próxima volta, novo encontro e — inevitável — novo cumprimento. E assim por diante, ao longo de várias voltas em torno do lago. Estabelecida a primeira saudação, não haveria como escapar: dali em diante não teria mais como não cumprimentar o sujeito onde quer que o encontrasse, ainda que não soubesse bulhufas a seu respeito.O acaso, sempre o acaso, de cujas armadilhas já me considero eterno prisioneiro.

Tem sido invariavelmente assim: um movimento de mão para ajustar os óculos, arrumar o boné ou secar o suor da testa, um menear de cabeça, um olhar casual — essas coisas fortuitas — e o outro cumprimenta, e eu respondo e o acaso fatalmente estabelece a "amizade". Menos caminho do que cumprimento "amigos" desconhecidos. Já somam dezenas, é o inferno. Devo ser dos sujeitos mais populares do Barigui. E não adianta mudar de horário. A cada novo horário as situações logo se criam e se recriam, acasos sucedendo acasos. Fora do parque, a turma de todos os horários se espalha por todos os lugares, de forma que topo com ela onde quer que me encontre. Os cumprimentos pululam. Sorrisos, apertos de mão, tapinhas nas costas. Estou me tornando um az do equilibrismo social. É exaustivo, agride minha confessa misantropia. Estou pensando em trocar o parque por uma solitária bicicleta ergométrica.

Dia desses encontrei um dos "amigos" numa churrascaria. Tipo simpaticão, tangeu-me a compartilhar a mesa da família. Entabulou conversa sobre a Procuradoria. Devia me supor advogado. Virei-me como pude. Jornalista é especialista em generalidades. Não sabia sequer o nome do fulano. Um filho menor sabatinou-me sobre o nome do pai. Artimanha de criança. "Joãozinho", respondi, para brincar e me safar. O guri riu e entregou o jogo: "Ah, te peguei! É Arnaldo!". Mas que Arnaldo? E dá-lhe papo sobre a Procuradoria. Não foi sopa. Consola-me o fato de que o problema é também do outro que, ou não me conhece, ou pensa que me conhece e, por fim, confunde. Não estou só. Seria o paroxismo da casualidade?

É vasto e vário o baú de casos. Recordo-me do deputado de Londrina. Ao me encontrar na portaria do Hotel Bourbon, empertigou-se, estufou o peito, aproximou-se com a mão estendida, o abraço armado, jeitão íntimo: "Pedro Franco Guevara y Cruz", quase soletrou, sorriso de orelha a orelha. Confundira-me com meu amigo (e também jornalista) Pedro Franco. Deixei por isso.

A primeira visita à primeira namorada, longos 30 anos atrás, foi emblemática. A loirinha esmagara meu coração adolescente com a motoniveladora dos seus arrebatadores encantos.Invernosa tarde curitibana - inverno desses que já não existem mais, áspero, gélido, com um quê de siberiano em sua inclemência de frios e umidades. Eu lá, na sala da moça, cheio de roupas, resfriado, tossindo freneticamente a carteira e meia de cigarros que, aos 17 anos, já aspirava, timidez juvenil, conversa difícil. Entre um risinho e outro a tosse mais forte fez o ranho escapulir do nariz e repousar, amarronado pela nicotina, sobre os fiozinhos arrepiados do bigode nascente. Ato contínuo, ocultei a coisa com a mão. Por acanhamento permaneci assim, a mão sobre a parte do bigodinho recoberta pelo ranho, falando o mínimo, aterrorizado, ansiando por improvável socorro da providência. As horas escorriam lentas, tormentosas. A moça, afinal, resolveu ir ao banheiro. Minha chance: limpei com a manga do casaco o ranho já ressequido. O namoro terminou dias depois.

Trata-se, enfim, de verdade terminante: o acaso não raro me surpreende e aprisiona. Uma vizinha de apartamento há anos me chama de Paulo. Culpa minha. Quando me chamou de Paulo pela primeira vez não a corrigi e, já na segunda, como dizer que não era Paulo, mas Luiz? Ficou Paulo. "Olá, Paulo". E eu respondo. É assim, a coisa. Uma condenação perpétua."
Super minha cara

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Rosas

"O rouxinol e a rosa

Oscar Wilde


"Ela disse que dançaria comigo se eu lhe trouxesse rosas vermelhas", exclamou o jovem Estudante, "mas em todo o meu jardim não há nenhuma rosa vermelha."

Do seu ninho no alto da azinheira, o Rouxinol o ouviu, e olhou por entre as folhas, e ficou a pensar.

"Não há nenhuma rosa vermelha em todo o meu jardim!", exclamou ele, e seus lindos olhos encheram-se de lágrimas. "Ah, nossa felicidade depende de coisas tão pequenas! Já li tudo que escreveram os sábios, conheço todos os segredos da filosofia, e no entanto por falta de uma rosa vermelha minha vida infeliz."

"Finalmente, eis um que ama de verdade", disse o Rouxinol. "Noite após noite eu o tenho cantado, muito embora não o conhecesse: noite após noite tenho contado sua história para as estrelas, e eis que agora o vejo. Seus cabelos são escuros como a flor do jacinto, e seus lábios são vermelhos como a rosaI de se desejo; porém a paixão transformou-lhe o rosto em marfim pálido, e a cravou-lhe na fronte sua marca."

"Amanhã haverá um baile no palácio do príncipe", murmurou o jovem Estudante, "e minha amada estará entre os convidados. Se eu lhe trouxer uma rosa vermelha, ela há de dançar comigo até o dia raiar. Se lhe trouxer uma rosa vermelha, eu a terei nos meus braços, e ela deitará a cabeça no meu ombro, e sua mão ficará apertada na minha. Porém não há nenhuma rosa vermelha no meu jardim, e por isso ficarei sozinho, e ela passará por mim sem me olhar. Não me dará nenhuma atenção, e meu coração será destroçado."

"Sim, ele ama de verdade", disse o Rouxinol. "Aquilo que eu canto, ele sofre; o que para mim é júbilo, para ele é sofrimento. Sem dúvida, o Amor é uma coisa maravilhosa. É mais precioso do que as esmeraldas, mais caro do que as opalas finas. Nem pérolas nem romãs podem comprá-lo, nem é coisa que se encontre à venda no mercado. Não é possível comprá-lo de comerciante, nem pesá-lo numa balança em troca de ouro".

"Os músicos no balcão", disse o jovem Estudante, "tocarão seus instrumentos de corda, e meu amor dançará ao som da harpa e do violino. Dançará com pés tão leves que nem sequer hão de tocar no chão, e os cortesãos, com seus trajes coloridos, vão cercá-la. Porém comigo ela não dançará, porque não tenho nenhuma rosa vermelha para lhe dar." E jogou-se na grama, cobriu o rosto com as mãos e chorou.

"Por que chora ele?", indagou um pequeno Lagarto Verde, ao passar correndo com a cauda levantada.

"Sim, por quê?", perguntou uma Borboleta, que esvoaçava em torno de um raio de sol.

"Sim, por quê?", sussurrou uma Margarida, virando-se para sua vizinha, com uma voz suave.

"Ele chora por uma rosa vermelha", disse o Rouxinol.

"Uma rosa vermelha?", exclamaram todos. "Mas que ridículo!" E o pequeno Lagarto, que era um tanto cínico, riu à grande.

Porém o Rouxinol compreendia o segredo da dor do Estudante, e calou-se no alto da azinheira, pensando no mistério do Amor.

De repente ele abriu as asas pardas e levantou vôo. Atravessou o arvoredo como uma sombra, e como uma sombra cruzou o jardim.

No centro do gramado havia uma linda Roseira, e quando a viu o Rouxinol foi até ela, pousando num ramo.

"Dá-me uma rosa vermelha", exclamou ele, "que cantarei meu canto mais belo para ti".

Porém a Roseira fez que não com a cabeça.

"Minhas rosas são brancas", respondeu ela, "tão brancas quanto a espuma do mar, e mais brancas que a neve das montanhas. Porém procura minha irmã que cresce junto ao velho relógio de sol, e talvez ela possa te dar o que queres."

Assim, o Rouxinol voou até a Roseira que crescia junto ao velho relógio de sol.

"Dá-me uma rosa vermelha", exclamou ele, "que cantarei meu canto mais belo para ti."

Porém a Roseira fez que não com a cabeça.

"Minhas rosas são amarelas", respondeu ela, "amarelas como os cabelos da sereia que está sentada num trono de âmbar, e mais amarelas que o narciso que floresce no prado quando o ceifeiro ainda não veio com sua foice. Porém procura minha irmã que cresce junto à janela do Estudante, e talvez ela possa te dar o que queres."

Assim, o Rouxinol voou até a Roseira que crescia junto à janela do Estudante.

"Dá-me uma rosa vermelha", exclamou ele, "que cantarei meu canto mais belo para ti."

Porém a Roseira fez que não com a cabeça.

"Minhas rosas são vermelhas", respondeu ela, "vermelhas como os pés da pomba, e mais vermelhas que os grandes leques de coral que ficam a abanar na caverna no fundo do oceano. Porém o inverno congelou minhas veias, e o frio queimou meus brotos, e a tempestade quebrou meus galhos, e não darei nenhuma rosa este ano."

"Uma única rosa vermelha é tudo que quero", exclamou o Rouxinol, só uma rosa vermelha! Não há nenhuma maneira de consegui-la?"

"Existe uma maneira", respondeu a Roseira, "mas é tão terrível que não ouso te contar."

"Conta-me", disse o Rouxinol. "Não tenho medo."

"Se queres uma rosa vermelha", disse a Roseira, "tens de criá-la com tua música ao luar, e tingi-Ia com o sangue de teu coração. Tens de cantar para mim apertando o peito contra um espinho. A noite inteira tens de cantar para mim, até que o espinho perfure teu coração e teu sangue penetre em minhas veias, e se torne meu."

"A Morte é um preço alto a pagar por uma rosa vermelha", exclamou o Rouxinol, "e todos dão muito valor à Vida. É agradável, no bosque verdejante, ver o Sol em sua carruagem de ouro, e a Lua em sua carruagem de madrepérola. Doce é o perfume do pilriteiro, e as belas são as campânulas que se escondem no vale, e as urzes que florescem no morro. Porém o Amor é melhor que a Vida, e o que é o coração de um pássaro comparado com o coração de um homem?"

Assim, ele abriu as asas pardas e levantou vôo. Atravessou o jardim como uma sombra, e como uma sombra voou pelo arvoredo.

O jovem Estudante continuava deitado na grama, onde o Rouxinol o havia deixado, e as lágrimas ainda não haviam secado em seus belos olhos.

"Regozija-te", exclamou o Rouxinol, "regozija-te; terás tua rosa vermelha. Vou criá-la com minha música ao luar, e tingi-la com o sangue do meu coração. Tudo que te peço em troca é que ames de verdade, pois o Amor é mais sábio que a Filosofia, por mais sábia que ela seja, e mais poderoso que o Poder, por mais poderoso que ele seja. Suas asas são da cor do fogo, e tem a cor do fogo seu corpo. Seus lábios são doces como o mel, e seu hálito é como o incenso.

O Estudante levantou os olhos e ficou a escutá-lo, porém não compreendia o que lhe dizia o Rouxinol, pois só conhecia as coisas que estão escritas nos livros.

Mas o Carvalho compreendeu, e entristeceu-se, pois ele gostava muito do pequeno Rouxinol que havia construído um ninho em seus galhos.

"Canta uma última canção para mim", sussurrou ele; "vou sentir-me muito solitário depois que tu partires."

Assim, o Rouxinol cantou para o Carvalho, e sua voz era como água jorrando de uma jarra de prata.

Quando o Rouxinol terminou sua canção, o Estudante levantou-se, tirando do bolso um caderno e um lápis.

"Forma ele tem", disse ele a si próprio, enquanto se afastava, caminhando pelo arvoredo, "isso não se pode negar; mas terá sentimentos? Temo que não. Na verdade, ele é como a maioria dos artistas; só estilo, nenhuma sinceridade. Não seria capaz de sacrificar-se pelos outros. Pensa só na música, e todos sabem que as artes são egoístas. Mesmo assim, devo admitir que há algumas notas belas em sua voz. Pena que nada signifiquem, nem façam nada de bom na prática." E foi para seu quarto, deitou-se em sua pequena enxerga e começou a pensar em seu amor; depois de algum tempo, adormeceu.

E quando a Lua brilhava nos céus, o Rouxinol voou até a Roseira e cravou o peito no espinho. A noite inteira ele cantou apertando o peito contra o espinho, e a Lua, fria e cristalina, inclinou-se para ouvir. A noite inteira ele cantou, e o espinho foi se cravando cada vez mais fundo em seu peito, e o sangue foi-lhe escapando das veias.

Cantou primeiro o nascimento do amor no coração de um rapaz e de uma moça. E no ramo mais alto da Roseira abriu-se uma rosa maravilhosa, pétala após pétala, à medida que canção seguia canção. Pálida era, de início, como a névoa que paira sobre o rio - pálida como os pés da manhã, e prateada como
as asas da alvorada. Como a sombra de uma rosa num espelho de prata, como a sombra de uma rosa numa poça d' água, tal era a rosa que floresceu no ramo mais alto da Roseira.

Porém a Roseira disse ao Rouxinol que se apertasse com mais força contra o espinho. Aperta-te mais, pequeno Rouxinol", exclamou a Roseira, "senão o dia chegará antes que esteja pronta a rosa."

Assim, o Rouxinol apertou-se com ainda mais força contra o espinho, e seu canto soou mais alto, pois ele cantava o nascimento da paixão na alma de um homem e uma mulher.

E um toque róseo delicado surgiu nas folhas da rosa, tal como o rubor nas faces do noivo quando ele beija os lábios da noiva. Porém o espinho ainda não havia penetrado até seu coração, e assim o coração da rosa permanecia branco, pois só o coração do sangue de um Rouxinol pode tingir de vermelho o coração de uma rosa.

E a Roseira insistia para que o Rouxinol se apertasse com mais força contra o espinho. "Aperta-te mais, pequeno Rouxinol", exclamou a Roseira, "senão o dia chegará antes que esteja pronta a rosa."

Assim, o Rouxinol apertou-se com ainda mais força contra o espinho, e uma feroz pontada de dor atravessou-lhe o corpo. Terrível, terrível era a dor, e mais e mais tremendo era seu canto, pois ele cantava o Amor que é levado à perfeição pela Morte, o Amor que não morre no túmulo.

E a rosa maravilhosa ficou rubra, como a rosa do céu ao alvorecer. Rubra era sua grinalda de pétalas, e rubro como um rubi era seu coração.

Porém a voz do Rouxinol ficava cada vez mais fraca, e suas pequenas asas começaram a se bater, e seus olhos se embaçaram. Mais e mais fraca era sua canção, e ele sentiu algo a lhe sufocar a garganta.

Então desprendeu-se dele uma derradeira explosão de música. A Lua alva a ouviu, e esqueceu-se do amanhecer, e permaneceu no céu. A rosa rubra a ouviu, e estremeceu de êxtase, e abriu suas pétalas para o ar frio da manhã. O Eco vou-a para sua caverna púrpura nas montanhas, e despertou de seus
sonhos os pastores adormecidos. A música flutuou por entre os juncos do rio, e eles leva ram sua mensagem até o mar.

"Olha, olha!", exclamou a Roseira, "a rosa está pronta." Porém o Rouxinol não deu resposta, pois jazia morto na grama alta, com o espinho cravado no coração.

E ao meio-dia o Estudante abriu a janela e olhou para fora.

"Ora, mas que sorte extraordinária!", exclamou. "Eis aqui uma rosa vermelha! Nunca vi uma rosa semelhante em toda minha vida. É tão bela que deve ter um nome comprido em latim." E, abaixando-se, colheu-a.

Em seguida, pôs o chapéu e correu até a casa do Professor com a rosa na mão.

A filha do Professor estava sentada à porta, enrolando seda azul num carretel, e seu cãozinho estava deitado a seus pés.

"Disseste que dançarias comigo se eu te trouxesse uma rosa vermelha", disse o Estudante. "Eis aqui a rosa mais vermelha de todo o mundo. Tu a usarás junto ao teu coração, e quando dançarmos ela te dirá quanto te amo."

Porém a moça franziu a testa.

"Creio que não vai combinar com meu vestido", respondeu ela; "e, além disso, o sobrinho do Tesoureiro enviou-me jóias de verdade, e todo mundo sabe que as jóias custam muito mais do que as flores."

"Ora, mas és mesmo uma ingrata", disse o Estudante, zangado, e jogou a rosa na rua; a flor caiu na sarjeta, e uma carroça passou por cima dela.

"Ingrata!", exclamou a moça. "Tu é que és muito mal-educado; e quem és tu? Apenas um Estudante. Ora, creio que não tens sequer fivelas de prata em teus sapatos, como tem o sobrinho do Tesoureiro." E, levantando-se, entrou em casa.

"Que coisa mais tola é o Amor!", disse o Estudante enquanto se afastava. "É bem menos útil que a Lógica, pois nada prova, e fica o tempo todo a nos dizer coisas que não vão acontecer, e fazendo-nos acreditar em coisas que não são verdade. No final das contas, é algo muito pouco prático, e como em nossos tempos ser prático é tudo, vou retomar a Filosofia e estudar Metafísica."

Assim, voltou para seu quarto, pegou um livro grande e poeirento, e começou a ler."

Não acredito no que o texto diz,mas foi bem escrito.Entrou na minha lsita de textos favoritos"!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009